sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

O Hippie.

Ele se encontrava sentado em um dos bancos de madeira no centro da avenida Frei Serafim. Seus dedos mexiam como se dedilhasse uma música qualquer, mas a única música que ali havia era o vento nas árvores, dos carros com seus motores e suas buzinas.

Estava nu da cintura para cima, com as pernas muito bem cruzadas e com uma cara que nada lhe trazia preocupação... diria menos ainda as dúvidas do dia seguinte; nem mesmo das horas seguintes, como o que irá jantar ou aonde irá dormir.

Ele com seus cabelos desgrenhados, em cachos, com sua pele morena-canela, mirava o tudo e o nada. Como se toda aquela correria ao seu redor fosse o nada. Ele se postava muito bem sentado no centro da Frei Serafim...

E eu passando na pista, dentro do ônibus, saindo da faculdade e me dirigindo para a casa, com meus botões e pensamentos. Com minhas preocupações próprias para a minha idade (que tipo de preocupação uma garota de 19 anos tem?). Foi quando o vi, o mirei, olhei e senti em um milésimo de segundo inveja - "aquele vagabundo...".
O próximo milésimo de segundo, pena - "não tem o que fazer...".
E o milésimo de segundo seguinte, admiração - "ele não tem rotina. É livre!"

6 comentários:

flora disse...

além de olhar
ver
é isso q precisamos buscar sempre fazer
=)

Belle disse...

Minha filhota, tão talentosa...


Pq vc apagou o comentário no meu blog? =P

Beijo!

cacos e coisas disse...

você tem talento pra escrever. muito.
e mais que um puxa-saco essas palavras antecedem esse pedido: coloca ficção aí pra ver o que dá.

abraço.

jp.

MauMachado disse...

O terceiro segundo...
o quarto...Quando é que realmente vamos ver as pessoas??
Adorei!!^^
Bjão!!

Jairo Moura disse...

excelente texto...
a fração de milésimos dos pensamentos foi o ápice rsrsr

Anônimo disse...

ahh..
já fui assim..
so q nao ando sem camisa, não tenho cabelo desgrenhado, e tenho (forçada) rotina..
mas tenho meus momentos diários de vagabundo!
recomendo a todos, é absurdamente saudável

a liberdade é almeijada por muitos, mas pouco sabem que ela está lá, a seu alcance, basta esticar o braço. o que estes muitos não sabem, porém, é que a liberdade é assustadora. ser completamente livre, responsável por si é um peso que nem todos estão prontos a suportar. por isso tão poucos os livres; escolhemos seguir linhas traçadas, caminhar por caminhos já seguidos por outros. claro, podemos clamar que somos únicos, vivemos uma vida diferente das alheias, mas no fundo, ninguem é completamente único, ninguém é completamente original. somos formados por concepções que aprendemos e absorvemos dos outros, somos mera re-organização de material pré-existente; a diferença é que o "hippie" resolveu fazer o que desse na telha com seu material ;)