Saí de Teresina para o sertão cearense, cidade de Boa Viagem, onde meu pai nasceu. No caminho passamos por uma área de litígio, 40 km de puro descaso e abandono pelos estados do Pi e Ce. Estrada de terra, sem nenhum tipo de policiamento, praticamente um deserto, exceto por algumas casas lá e acolá.Pessoas vivendo de forma tão humilde, porém vivendo e vivendo aparentemente felizes.
É aí que vem aquele pensamento... eu, dentro de um carro confortável, no ar-condicionado, ouvindo uma bossa nova e ainda me maldizendo. Não que eu acredite que aquelas pessoas não reclamem da vida ou que não passem por problemas nas suas pobres vidas. Acontece que esses moradores de casas de barro no semi-árido brasileiro se conformam com situações muito mais extremas e tocam a vida em frente, sem frescura, com pés no chão e coragem para sonhar. Agricultores e vaqueiros feitos com a força do Sol, muitos ainda inocentes e honestos, sem canais de TV a cabo e isolados do mundo, mas pertencentes a natureza.
O luxo é um vício, talvez o pior de todos, pois te torna infantil, ambicioso ou até mesmo ganancioso. Qualidades raras, quase inexistentes num cabloco do sertão nordestino. Lembro os budistas que pregam o desapego as coisas materiais. Ah, se eu conseguisse me desapegar ao prazer de consumir... seria bem mais calma e feliz.
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3 comentários:
Só um comentário:
Tv: consuma e seja feliz.
Alto-ajuda: leia-me e seja feliz.
Igreja: Venha e seja feliz.
Se fosse verdade estas verdades o mundo já seria outro.
Solução para a infelicidade?: explorar talento e fazer o que gosta; entender a origem dos problemas, o porquê e etc; lutar por algo maior que você e mudar o que nos dá a infelicidade.
Até agora tem dado certo.
Acho que o que faz a felicidade é a forma como usamos os bens que possuimos. Talvez as pessoas humildes sejam felizes por tentarem extrair com máximo proveito o pouco que tem, ou, sob uma perspectiva mais realista, por serem alienadas o suficiente para perceber a miséria à sua volta. Sabe como é o ser humano: se adapta a quase todas as situações, tomando-as por normais, principalmente se nunca lhe foram propiciadas um conforto maior.
Beijo, querida!
Sem romantismo em demasia, tambem...
Na cabeça desse povo, só há uma preocupação, sobreviver... Questoes existenciais, depressão, baixa auto-estima, psicologo, isso é luxo burguês, me pergunta quantos casos de agricultores ou favelados que cometeram suicidio você conhece? E me fala, quais os casos recentes de suicidio que causaram polemica aqui em Teresina? Garotas de classe media com depressao por terem sido deixadas pelos namorados ou por estarem grávidas de um filho indesejado e jogadas ao relento, abandonadas pela familia e namorado... É, esse último caso até que vai, hehe
Hoje em dia, com tanta arte variada a nosso redor, não há mais ócio criativo para nós burgueses, há ócio depressivo, não há mais o que criar, por assim dizer... Não há inovação. E me falta concentração, olha, sempre acontece isso, começa num assunto termina em outro bem distante...
Xêro ;)
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