segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

é no que dá.

Mais uma daquelas conversas prolongadas no telefone, uma conversa séria que nós sabemos bem como termina. Não que seja totalmente proposital, mas é que o sangue já ta quente.
- Preciso desligar!
- Por favor, não desliga!
É o bastante para continuar na linha.
- Estamos como o tempo que relampeja, contudo não chove.
Choveu.
- Adoro chuva!
E choveu no dia seguinte, quando eu procurava palavras. Uma chuva bem mais forte na solidão e dentro de mim.

Acaso (confusa.)

Você sempre presente, seja na lembrança ou no pensamento que chega repentinamente, seja na fofoca, seja na matéria, seja no meu corpo, eu sempre te encontro e reencontro. Não consigo me desligar 100% de ti. Será que acontece o mesmo contigo?

Pergunto-me se um dia isso irá acabar ou se eu quero que acabe. Deixaremos de provocar com ou sem intenção. Deixaremos de nos incomodar com o passado. Eu deixarei de me incomodar com a sua existência.

Pergunto-me quando irei realmente te esquecer (já me disseram que isso nunca ocorrerá). Pergunto-me quando o acaso não te trará de volta e quando a certeza deixa de ser certeza para não ser dúvida, para ser apenas passado sem incomodo ou emoção.

Quando deixarei de procurar explicações para o acaso ou para ti?

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Pelo Sertão e Desapego.

Saí de Teresina para o sertão cearense, cidade de Boa Viagem, onde meu pai nasceu. No caminho passamos por uma área de litígio, 40 km de puro descaso e abandono pelos estados do Pi e Ce. Estrada de terra, sem nenhum tipo de policiamento, praticamente um deserto, exceto por algumas casas lá e acolá.Pessoas vivendo de forma tão humilde, porém vivendo e vivendo aparentemente felizes.

É aí que vem aquele pensamento... eu, dentro de um carro confortável, no ar-condicionado, ouvindo uma bossa nova e ainda me maldizendo. Não que eu acredite que aquelas pessoas não reclamem da vida ou que não passem por problemas nas suas pobres vidas. Acontece que esses moradores de casas de barro no semi-árido brasileiro se conformam com situações muito mais extremas e tocam a vida em frente, sem frescura, com pés no chão e coragem para sonhar. Agricultores e vaqueiros feitos com a força do Sol, muitos ainda inocentes e honestos, sem canais de TV a cabo e isolados do mundo, mas pertencentes a natureza.

O luxo é um vício, talvez o pior de todos, pois te torna infantil, ambicioso ou até mesmo ganancioso. Qualidades raras, quase inexistentes num cabloco do sertão nordestino. Lembro os budistas que pregam o desapego as coisas materiais. Ah, se eu conseguisse me desapegar ao prazer de consumir... seria bem mais calma e feliz.

Macaco.

de sorisso largo.
de mãos belas.
de olhos lindos.